Você conhece o Sítio Roberto Burle Marx?
Lá no distante bairro de Barra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, está escondido um sítio que nada mais é do que um pequeno pedaço do paraíso. O Sítio Roberto Burle Marx foi construído por aquele que talvez seja considerado o maior paisagista brasileiro de todos os tempos, com o objetivo de não apenas servir-lhe de moradia, mas principalmente de ser um grande laboratório de experimentações para seus projetos.
O sítio abriga mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais, organizadas em viveiros e jardins, que convivem em harmonia com a vegetação nativa numa área de 405 mil metros quadrados com várias edificações, lagos, jardins, coleções de arte e uma vasta biblioteca.
A Rio by Cariocas visitou recentemente a propriedade e se encantou com sua beleza e riqueza, além da dedicação, amor e conhecimento de seus guias e demais responsáveis pela conservação deste belo local.
Conheça um pouco mais da História de Burle Marx e de seu sítio. E entenda porque você deveria correr para fazer este passeio.
Quem foi Roberto Burle Marx?
Artista e paisagista
Burle Marx (1909-1994) foi um dos principais paisagistas do século XX, reconhecido nacional e internacionalmente. Desenvolveu uma concepção inovadora de paisagismo e foi o criador do jardim tropical moderno. Afinal, para ele, os jardins deveriam ser elementos integrados à vida social e urbana.
Seus jardins tropicais resgataram espécies botânicas e trouxeram plantas até então desconhecidas do grande público, num esforço expedicionário pelo Brasil e pelo mundo, e de catalogação de novas espécies, muitas das quais levam em sua denominação científica o nome de Burle Marx.
Sua trajetória no campo paisagístico começou cedo, no jardim da família quando ainda era criança. Após anos de estudo e especialização, o reconhecimento público nacional do paisagista veio em 1936, quando ele fez parte do grupo que projetou o edifício do então Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro.
Dali em diante foram vários projetos importantes. Dentre os mais conhecidos estão seu primeiro jardim público na cidade do Rio de Janeiro, a Praça Senador Salgado Filho, situada em frente ao Aeroporto Santos Dumont e o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, que estabeleceu um diálogo com a arquitetura de Oscar Niemeyer.
Mas apesar de ser conhecido e reconhecido pelos jardins e parques que criou ao longo de sua vida, Burle Marx era um artista completo: produziu centenas de gravuras, desenhos, esculturas, tapeçarias, pinturas sobre diferentes suportes, painéis de azulejos e cerâmica, joias, cenários e figurinos para teatro. E todo esse grande conjunto pode ser encontrado no atual sítio.
Sítio Roberto Burle Marx
Como seus trabalhos demandavam a utilização de uma quantidade significativa de plantas nativas, muitas delas inéditas em projetos paisagísticos, Roberto precisava de um laboratório onde pudesse desenvolver seus ativos mais preciosos. Foi então que surgiu a ideia de comprar um sítio.
Após uma longa busca por espaços que não fossem alvo de especulação imobiliária e que unisse diversidade de solos e rochas com água abundante, Roberto finalmente encontrou e comprou seu sítio. O local chamou sua atenção por causa da vegetação nativa, formada especialmente por manguezal, restinga e Mata Atlântica.
Ao longo das décadas seguintes, Roberto acompanhou diariamente a aclimatação e o desenvolvimento das plantas. Em grande parte, elas eram obtidas por meio de expedições que o paisagista realizava em diferentes ecossistemas do Brasil e do mundo, sempre acompanhado de botânicos e da equipe de seu escritório paisagístico.
Em 1985, Burle Marx doou o sítio ao governo federal, com o objetivo de assegurar a continuidade das pesquisas, a disseminação do conhecimento adquirido e o compartilhamento daquele espaço singular com a sociedade.
Com a morte de Roberto Burle Marx em 1994, o sítio passou a ser gerido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O imóvel foi tombado pelos órgãos do patrimônio cultural do estado do Rio de Janeiro (1988) e da União (2000).
Patrimônio Mundial da UNESCO
Em julho de 2021, o Sítio Roberto Burle Marx foi reconhecido por unanimidade como Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) na categoria de Paisagem Cultural, na qual se enquadram bens que referenciam a interação entre o ambiente natural e as atividades humanas, resultando em uma paisagem natural modificada.
Com a inclusão da propriedade na lista da UNESCO, cria-se também um compromisso internacional com a preservação do local. Um dos próximos passos será formalizar um plano de gestão para o Sítio e seu entorno, que envolva diversas instituições governamentais e atores da sociedade civil. O plano mapeará riscos e apontará ações para minimizar possíveis ameaças ao valor universal excepcional do Sítio Roberto Burle Marx.
Como visitar:
O Sítio Burle Marx está localizado na Estrada Roberto Burle Marx, nº 2019 – Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro/RJ.
As visitas mediadas acontecem de terça-feira a sábado (exceto feriados) e precisam ser agendadas com antecedência por e-mail (visitas.srbm@iphan.gov.br) ou telefone (+55 21 2410-1412).
Enquanto perdurar o estado de Pandemia, os agendamentos para visitação ao sítio serão feitos a cada duas semanas, e apenas para os horários de 13h00, 13h30 ou 14h00. O número máximo de visitantes é de 5 por educador/guia. Fora do período da pandemia, as visitar também acontecem horários às 9h30 e os grupos poderão ser maiores.
O ingresso custa R$10,00 por pessoa (estudantes com carteirinha e pessoas acima de 60 anos pagam meia entrada), e deve ser pago somente em dinheiro, no dia da visita.
A visita dura em torno de 1h30, é feita a pé, percorrendo um trajeto de 1.800 metros, que se eleva 45 metros desde o ponto de partida. Contempla os jardins, a casa e os espaços de trabalho originalmente utilizados por Roberto Burle Marx, além das demais edificações do sítio.
A instituição dispõe de veículo elétrico para atender a pessoas com mobilidade reduzida e está preparado para realizar visitas conduzidas por guias em inglês, contando também com aplicativo, instalado em tablets disponíveis ao público, com audioguia em inglês e espanhol, Libras e audiodescrição. Caso haja necessidade de algum desses recursos, solicite-o no momento de pré-agendamento.
Além de visitas guiadas, o sítio oferece uma programação continuada de concertos musicais e outros eventos culturais, como palestras e sessões de pintura. Além disso, ao longo do ano, a comunidade da Ilha e Barra de Guaratiba desfruta do sítio e de sua capela do século XVIII, onde se realizam missas, casamentos, batizados e outras cerimônias religiosas, mantendo vivas tradições centenárias.
Carioca Tip:
Barra de Guaratiba é também conhecido por seu polo gastronômico especializado em peixes e frutos do mar. Portanto, aproveite sua ida ao Sítio para degustar alguns pratos típicos da culinária brasileira como a Moqueca de Peixe e o Pastel de Camarão.
O que você está esperando para visitar este pequeno paraíso chamado Sítio Roberto Burle Marx? Não deixe de fazer esse passeio se você curte paisagens incríveis e o contato com a natureza. Além de ser ao ar livre, sua equipe tem seguido de forma adequada todos os protocolos de segurança. O passeio, portanto, é muito seguro!
Se você deseja um transfer para te levar ao sítio, entre em contato com a gente. Além de transporte, também podemos te ajudar a planejar o passeio com nosso Tour Personalizado. Dessa forma, podemos combinar uma visita ao Sítio Roberto Burle Marx com outras atividades na região.
Pingback: Os 5 bairros mais descolados do Rio de Janeiro | Rio by Cariocas
Pingback: Cachoeira Serra do Cipó: as 8 melhores quedas d'água